Fui vítima da Gripe Suina - sem pegar a gripe

Estou escrevendo a minha história porque acho que é importante que se saiba o que o pânico está provocando na saúde pública. Fui uma vítima do sistema, da desinformação, do preconceito, da desorganização e de minha própria ingenuidade. Felizmente não corri um grande risco, mas se o que aconteceu comigo tivesse acontecido com outra pessoa, a história poderia ter sido bem mais grave.

Comecei a sentir sintomas de gripe na quinta-feira, dia 30 de julho. Eu estava no trabalho quando comecei a apresentar tosse e dor no corpo. Também senti que estava com febre. Como não estava conseguindo me concentrar no trabalho e para evitar um possível contágio para os meus colegas, pois trabalho em uma sala fechada, com ar condicionado, pedi permissão para o meu gerente e fui para casa. Tentei naquela mesma noite ir ao pronto socorro do Centro Médico de Campinas. Cheguei lá por volta das 20:30hs e esperei até as 22:30hs, quando fui informado que ainda havia mais 10 pacientes na minha frente. Provavelmente seria atendido depois da uma da mamdrugada. Eu estava com o meu filho pequeno, que também apresentava sintomas de gripe, mas que já havia sido atendido pelo médico logo que chegamos. Como ele estava cansado e eu também não me sentia muito bem, resolvi ir embora e retornar no dia seguinte.


Retornei no dia seguinte, retornei ao pronto socorro, onde fui atendido, após 2 horas de espera, pelo Dr. Miguel, o qual diagnosticou uma virose e prescreveu a medicação de praxe. Senti alguma melhora entre a sexta-feira e o sábado, embora apresentasse febre continuamente, a qual era controlada com medicação. Mas na madrugada de domingo para segunda, senti um aumento na tosse, na febre e dificuldade para respirar. Às 6 da manhã de segunda, voltei para o pronto socorro, onde fui atendido por volta das 7:30hs pelo mesmo Dr. Miguel. Desta vez, ele pediu exames de sangue e uma radiografia do pulmão, a partir da qual fui diagnosticado com pneumonia e suspeita de infecção com H1N1, ou seja, gripe suina. A partir deste diagnóstico, fui levado para uma pequena sala de isolamento, onde fiquei aguardando a liberação de um quarto por quase oito horas, sem receber nenhuma medicação neste período. Durante este tempo, fiquei em uma maca estreita numa posição desconfortável.

Quando finalmente fui levado ao quarto, fui examinado pelo Dr. Vinicius. Fui informado que eu não receberia o medicamento Tamiflu, pois o mesmo só faz efeito até 48 horas do início dos sintomas. Recebi como medicação 2 antibióticos, um por via intravenosa e outro por via oral, que eram ministrados uma vez por dia. Fiquei internado por uma semana no isolamento. Todas as pessoas que tinham contato comigo usavam máscara. Tive alta hospitalar no domingo seguinte, mas continuei em repouso por mais uma semana. Hoje é o último dia deste repouso. Na quarta-feira passada, recebi o resultado do exame que indicou negativo para H1N1.

Embora de maneira geral eu tenha sido bem atendido, alguns pontos devem ser considerados:

1. Na ocasião do meu primeiro atendimento, eu deveria ter sido orientado a retornar no dia seguinte caso não houvesse melhora no quadro. Isto seria indispensável para que o medicamento Tamiflu pudesse ser ministrado a tempo;

2. O longo período que passei no isolamento aguardando sem medicação poderia ter complicado meu quadro;

3. Outra impressão que ficou é que os próprios médicos não foram adequadamente informados sobre como proceder com relação a H1N1.

Parece que existe muito pânico envolvendo o problema da gripe suina. A própria imprensa, no afã de informar, desinforma e confunde a opinião pública.

Estou bem e vivi para contar a história de como NÃO peguei a gripe suina.

Comentários

  1. Para minha filha aconteceu algo semelhante... ela estava com febre e o medico pediu para dar tamiflu mesmo sem ter tirado um raio-X. Conforme vc falou ainda existe muitas duvidas em relacao ao que eh a gripe H1N1 ou nao

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