Postagens

Mostrando postagens de 2009

COP 15 - Tudo certo. Nada combinado

Muitas pessoas se perguntam qual a causa do fracasso das negociações na COP 15. Alguns tinham esperança de que a urgência da situação motivasse os líderes mundiais a ação. Não foi bem isso o que aconteceu. Na verdade, ficou a impressão de que enquanto o nível do mar não chegar ao segundo andar do "Empire States", nada será feito a respeito. Estão todos pensando em seus próprios problemas, sem considerar que o problema de um é o problema de todos. É curioso notar que o único acordo firmado foi um acordo financeiro, ainda que irrisório. É como se achassem que pode-se pagar para se livrar dos problemas do clima. Gostaria de falar sobre duas possíveis causas para o fracasso das negociações: 1. Egoismo - Como  já diz o velho ditado: "Farinha pouca, meu pirão primeiro". Esta parece ter sido a tônica das negociações. Ninguém queria abrir mão do "direito" de poluir, como se poluição e desenvolvimento estivessem indissociavelmente ligados. A maioria não consegue co

COP-15 e o sexo dos anjos

Acredito que a ficha não caiu ainda para muita gente. Acabei de ver um comentário em uma notícia publicada pelo Terra afirmando ser o aquecimento global uma "fraude". Não consigo imaginar quem sairia ganhando com uma fraude como essas, mas talvez eu não seja tão imaginativo assim. Mas o fato é que o aquecimento global já é inegável há mais de 30 anos. E é inegável há mais de 20 que uma parte importante deste aquecimento tem origem na atividade humana (leia-se desmatamento e queima de combustíveis fósseis). Não faz o menor sentido discutir quanto desse aquecimento é por nossa causa. As pessoas não percebem que um pequeno aquecimento global por causas naturais e completamente inócuo, somado a outro pequeno aquecimento por causa humana, causa um grande aquecimento de proporções catastróficas. As pessoas não compreendem que estamos sendo forçados a nos deslocar para um novo estado climático que não pode ser facilmente revertido. Não entendem que reduzir as emissões de carbono em

Veículos elétricos - o custo da mudança de paradigma

Imagem
É desnecessário lembrar que eu sou um defensor ardoroso dos veículos elétricos. Sua elevada eficiência energética compensam todas as demais limitações. No entanto, tenho plena consciência de que esta não será uma mudança indolor, como não o é nenhuma grande mudança de paradigma. Vou ilustrar meu ponto de vista com uma história que eu não sei se é verdadeira, mas é muito didática. O relógio de pulso a quartzo, que hoje é o padrão no mercado, foi inventado por um relojoeiro suiço chamado Max Hetzel. Na época, foi uma inovação gigantesca, pois permitia fabricar relógios dezenas de vezes mais precisos. No entanto, os fabricantes de relógios suiços não mostraram grande interesse. Diz a lenda que um deles chegou a dizer a Hetzel que um relógio que não tem corda e balanço não é um relógio. Pouco tempo depois, o relógio a quartzo de Hetzel começo a ser fabricado nos Estados Unidos e em seguida no Japão. Eram relógios mais precisos e muito mais baratos do que os tradicionais relógios mecânicos

Veículo Elétrico Livre????

Imagem
Este é um tema delicado. O que se segue é principalmente opinião pessoal, mas acredito que meus argumentos são razoáveis. Mencionei certa vez no grupo de veículos elétricos a idéia de um projeto livre. As reações foram as mais diversas, desde o apoio irrestrito até a oposição enfurecida. Acredito que este tipo de reação pode ser consequência de uma compreensão inapropriada do que seja um projeto livre, ou aberto. O termo "open source" (fonte aberta ou código aberto) normalmente é usado em associação a projetos livres. Tenho alguma experiência com o software livre, não como desenvolvedor mas como usuário e divulgador. Quando se fala em código aberto, a primeira coisa que normalmente nos vem à mente é o Linux. Isso devido ao sucesso que este sistema operacional alcançou no mercado. Parte deste sucesso deve-se ao fato de o Linux normalmente ser distribuido livremente, o que tem feito as pessoas confundirem software "livre" com software "gratis". Para piorar

Lições de Itaipu e o apagão: Não coloque todos os ovos na mesma cesta.

Imagem
Ja diziam os antigos: "Não coloque todos os ovos na mesma cesta". No entanto, é exatamente isto que estamos fazendo no sistema elétrico brasileiro. Estamos dependendo demais de Itaipu. E se ela não estiver disponível, por um motivo ou outro, o resultado é o caos. É curioso notar que o apagão ocorreu por volta das 22:15hs, fora do horário de pico. Portanto, é de se presumir que na falta de Itaipu, as demais usinas dariam conta do recado. Porque isso não ocorreu? Por causa de uma decisão equivocada, tomada a alguns anos pelo governo: a adoção de usinas termoelétricas. Entre 2001 e 2002, o Brasil sofreu com o racionamento de energia elétrica, provocado por sucessivos crescimentos econômicos recordes que não foram acompanhados do devido investimento em infraestrutura. Na época, não somente a energia elétrica, mas também estradas, aeroportos e redes telefônicas estavam defasadas. O País amargou 2 anos de racionamento, causando impacto direto no crescimento econômico. Esta crise te

Carros elétricos realmente reduzem as emissões de carbono?

Meus primeiros ensaios tratavam o veículo elétrico do ponto de vista funcional. Fiz isso principalmente com o objetivo de esclarecer alguns enganos, principalmente do ponto de vista físico e energético. Essa introdução técnica é necssária para que possamos tratar do tema com isenção e livre de preconceitos. Passo agora a tratar o tema do ponto de vista socioambiental e político. Fiz uma breve introdução por este caminho em meu artigo sobre matriz energética. Em minhas pesquisas sobre o tema dos VEs, percebí que um dos principais argumentos dos críticos a tração elétrica envolve a geração de energia elétrica usando combustíveis fósseis. Afinal, dizem eles, se vamos ter que queimar combustiveis fósseis para gerar eletricidade, por que não queimá-lo diretamente no motor? As emissões de carbono não seriam as mesmas? Não seriam piores, uma vez que existem perdas na geração, transmissão e distribuição da energia? A primeira vista, pode-se pensar que eles estão certos. Afinal, nos locais onde

Armazenamento de Energia Elétrica para VEs

Dizem que a diferença entre o sábio e o especialista é que o sábio sabe quase nada sobre quase tudo, enquanto o especialista sabe quase tudo sobre quase nada. Tenho procurado viver entre esses dois extremos, o que não é tarefa fácil. O mercado preza os especialistas, talvez porque o conhecimento humano tenha se tornado tão vasto e diversificado que é impossível uma única pessoa dominá-lo por completo. No entanto, quando especialistas de áreas diferentes precisam trabalhar em equipe, surgem grandes dificuldades de comunicação. Nessas horas, um sábio pode ser necessário como intérprete. Tratarei o tema a seguir sem a pretensão de falar como especialista, pois o mesmo envolve conhecimentos que domino apenas superficialmente. Embora tenha alguma formação em física, meu conhecimento de química é marginal. Para tratar deste tema, tenho que recorrer continuamente a outras fontes (nessas horas, quem me salva é o Google!). Já discorri anteriormente sobre energia. Mencionei que força e energia s

Motores para Veículos Elétricos

Imagem
Após discorrer um pouco sobre os fatores que podem potencialmente limitar a autonomia de veículos elétricos, bem como aqueles que podem ser aproveitados para ampliá-la, gostaria de falar algo sobre motores elétricos e sua aplicação automotiva. Como já mencionei anteriormente, motores elétricos possuem eficiência elevada. Mesmo aqueles motores baratos e de projeto simples e despretensioso, como aquelas montagens comuns em laboratórios escolares, atingem eficiências superiores a 80 por cento. Mas nem todos os motores elétricos são adequados para a aplicação que temos em mente, devido a certas considerações construtivas e de controle. Os motores elétricos podem ser divididos em dois grandes grupos: os motores de Corrente Contínua (CC), também conhecidos como Corrente Direta (em inglês, "Direct Current" ou DC) e os motores de Corrente Alternada (CA, ou do inglês "Alternate Current", AC). Entre esses dois grupos, existem os chamados Motores Universais, que podem operar

As Quatro Forças

Para compreender as supernovas, é necessário compreender as estrelas, os planetas e como são formados. e para isso, é necessário comprender as leis que os regem e as  forças que atuam sobe os mesmos. O que é uma força? Todos nós temos uma noção intuitiva do que seja uma força. Quando suspendemos um objeto, empuramos um móvel ou arremessamos uma pedra, exercemos uma força  que provoca um movimento ou deslocamento. No entanto, a experiência cotidiana nos leva a crer que quando a força cessa, o movimento também cessa. Afinal, quando soltamos o objeto que suspendemos ele tende a cair. Quando paramos de empurrar o móvel, o mesmo se imobiliza. e não importa com quanta força tenhamos arremessado a pedra, em poucos segundos ela cai e fica imóvel. Às vezes nos esquecemos de que o objeto que suspendemos, quando solto, cai porque há outra força que o puxa para baixo. Ou que se o móvel tiver rodinhas, pode continuar se movendo por algns metros depois do impulso inicial. Mas quando nos damos conta

O que é uma Supernova?

De maneira muito simplista, uma supernova é uma estrela em explosão. Mas ela é muito mais que isto. Supernovas são os cadinhos estelares, onde toda a matéria que conhecemos é forjada a partir do hidrogênio original, que é o principal constituinte de todas as estrelas. Quando na fase de supernova, uma estrela pode brilhar várias vezes mais que todas as estrelas da galáxia juntas! Estima-se que são visualizadas (com a ajuda de telescópios) mais de 100 supernovas por ano. Mas infelizmente (ou felizmente, como veremos mais tarde), muito poucas delas chegam a ser visíveis com uma estrela de quinta ou sexta grandeza (quanto maior a grandeza, menor o brilho. É por isso que nos referimos às estrelas muito brilhantes como de primeira grandeza). Supernovas estão intimamente relacionadas com a constituição atual do Universo, a formação do Sistema Solar e da Terra, e consequentemente da vida sobre esta. Somente nas supernovas os elementos químicos mais pesados do que o ferro podem ser formados e s

Autonomia dos Veículos Elétricos - Segunda Parte

Imagem
No post anterior mencionei que a maior capacidade de armazenamento de energia da gasolina em comparação com baterias elétricas permitiriam ao veículos movidos com este combustível uma autonomia 25 vezes maior que a dos veículos elétricos. No entanto, ao compararmos esta informação com o mundo real, observamos que isso de fato não ocorre. A autonomia dos veículos a gasolina é apenas 3 a 5 vezes superior a dos elétricos. Por que isso ocorre? Um erro muito comum ao se comparar veíuculos elétricos com veículos a combustão é fazer esta comparação baseado no paradígma dos veículos a combustão. Isso implica em aplicar aos elétricos certas "verdades"  que só são aplicáveis a combustão. Por exemplo, quando comparamos a capacidade de armazenamento de energia, nos esquecemos que um veículo a gasolina não transporta um peso em combustível comparável ao peso de baterias. Na verdade, este peso é muito menor, o que implica em uma autonomia também muito menor. Se fossemos transportar no tanq

Autonomia dos Veículos Elétricos

Imagem
Gostaria de fazer um comentário, antes de iniciar o assunto deste post, sobre a criativa "reinvenção da roda" apresentada pela Michelin no último Salão do Automóvel de Franfurt. A matéria completa  está aquí . Gostei muito da idéia. Só espero que esteja disponível para a indústria a preços viáveis. Terminei o post anterior afirmando que a limitada autonomia dos veículos elétricos foi a causa de sua não popularização e a consequente ascenção dos veículos a combustão interna. Mas se o motor elétrico é tantas vezes mais eficiente que os a combustão (também conhecidos como térmicos), porque esta limitação ocorre? A energia elétrica é uma das manifestações mais organizadas que a energia pode assumir na natureza. Talvez a mais organizada. Ela pode ser gerada, transmitida e usada de maneira relativamente simples. Contudo, o seu armazenamento tem sido um desafio desde que a mesma foi descoberta. Isto ocorre em virtude do caráter dinâmico desta forma de energia. Para a melhor compreen