Lições de Itaipu e o apagão: Não coloque todos os ovos na mesma cesta.
Ja diziam os antigos: "Não coloque todos os ovos na mesma cesta". No entanto, é exatamente isto que estamos fazendo no sistema elétrico brasileiro. Estamos dependendo demais de Itaipu. E se ela não estiver disponível, por um motivo ou outro, o resultado é o caos.
É curioso notar que o apagão ocorreu por volta das 22:15hs, fora do horário de pico. Portanto, é de se presumir que na falta de Itaipu, as demais usinas dariam conta do recado. Porque isso não ocorreu? Por causa de uma decisão equivocada, tomada a alguns anos pelo governo: a adoção de usinas termoelétricas.
Entre 2001 e 2002, o Brasil sofreu com o racionamento de energia elétrica, provocado por sucessivos crescimentos econômicos recordes que não foram acompanhados do devido investimento em infraestrutura. Na época, não somente a energia elétrica, mas também estradas, aeroportos e redes telefônicas estavam defasadas. O País amargou 2 anos de racionamento, causando impacto direto no crescimento econômico. Esta crise tem um lado positivo e outro negativo. O lado positivo foi a consciência de que a energia elétrica é um recurso limitado e que deve ser bem utilizado, sem desperdício. O lado negativo foi a opção governamental pelas usinas termoelétricas como forma de suprir um fornecimento de energia complementar. Do ponto de vista estritamente econômico, esta decisão parecia acertada. Usinas termoelétricas são de implantação relativamente rápida e barata, o que permitiu amenizar a situação em um prazo relativamente curto. Mas do ponto de vista tecnico e ambiental, a decisão foi desastrada. É de conhecimento público e notório o impacto ambiental causado por usinas termoelétricas no que se refere a emissões de carbono, além de outras emissões poluentes. Do ponto de vista técnico, o problema das termoelétricas é que, como elas são movidas por combustíveis como gás ou óleo diesel, por razões de economia elas são desligadas ou tem sua potência reduzida nos horários de menor consumo. Se neste horário ocorrer uma pane em Itaipú (que responde ainda por 20% da energia consumida pelo país), não haverá energia suficiente no sistema para manter a rede elétrica, pois não há tempo habil para "dar a partida" nas usinas termoelétricas. O resultado é o desligamento em cascata e o apagão.
Na época, o governo se viu impossibilitado de construir novas usinas hidrelétricas, principalmente devido a dificuldades com o Ibama, que sistematicamente vetou novas obras por razões socioambientais. No entanto, outras formas de geração, como a eólica, simplesmente não foram cogitadas. O Brasil possui um dos maiores potenciais eólicos do mundo. Existe também a opção nuclear, mas esta ainda apresenta muita resistência de uma parte dos ambientalistas, embora seja atualmente apoiada por outra parte. Energia solar e das marés também não foram consideradas. A consequência desta decisão foi o apagão de ontem (10/11)
O sistema elétrico precisa ser modernizado, aumentando o índice de automação e descentralizando sistemas de controle. Outra medida a ser tomada e o aproveitamento da energia excedente gerada dos horários de baixa demanda. Uma solução para isso é a adoção de veículos elétricos carregados na tomada nestes horários. As companhias elétricas podem incentivar esta prática oferecendo tarifação diferenciada nestes horários para os usuários domésticos, assim como já faz com os grandes consumidores. Finalmente, deveria haver incentivos para a redução do consumo, tanto por boas práticas (como apagar as luzes que não estão em uso e reduzir o tempo de banho) como por novas tecnologias que reduzam o consumo dos equipamentos elétricos. TVs de cristal líquido deveriam receber incentivos para a substituição das TVs de tubo e as de plasma, que possuem consumo descabido. Sisitemas de aquecimento solar deveriam ser tão acessíveis como chuveiros elétricos. Geladeiras e equipamentos de ar condicionado deveriam usar tecnologias de estado sólido, mais eficientes do que os atuais compressores mecânicos. Iluminação por LED, mais eficiente do que as lâmpadas fluorescentes e mais duráveis, deveriam ser obrigatórias, enquanto as de filamento deveriam ser proibidas.
Itaipú é a maior hidrelétrica do mundo em capacidade de geração de energia. Mas isso não foi suficiente para evitar o apagão. Estamos colocando todos os ovos na mesma cesta. Você está disposto a correr este risco?
Para saber mais:
http://www.itaipu.gov.br/
Itaipu na Wikipedia
É curioso notar que o apagão ocorreu por volta das 22:15hs, fora do horário de pico. Portanto, é de se presumir que na falta de Itaipu, as demais usinas dariam conta do recado. Porque isso não ocorreu? Por causa de uma decisão equivocada, tomada a alguns anos pelo governo: a adoção de usinas termoelétricas.
Entre 2001 e 2002, o Brasil sofreu com o racionamento de energia elétrica, provocado por sucessivos crescimentos econômicos recordes que não foram acompanhados do devido investimento em infraestrutura. Na época, não somente a energia elétrica, mas também estradas, aeroportos e redes telefônicas estavam defasadas. O País amargou 2 anos de racionamento, causando impacto direto no crescimento econômico. Esta crise tem um lado positivo e outro negativo. O lado positivo foi a consciência de que a energia elétrica é um recurso limitado e que deve ser bem utilizado, sem desperdício. O lado negativo foi a opção governamental pelas usinas termoelétricas como forma de suprir um fornecimento de energia complementar. Do ponto de vista estritamente econômico, esta decisão parecia acertada. Usinas termoelétricas são de implantação relativamente rápida e barata, o que permitiu amenizar a situação em um prazo relativamente curto. Mas do ponto de vista tecnico e ambiental, a decisão foi desastrada. É de conhecimento público e notório o impacto ambiental causado por usinas termoelétricas no que se refere a emissões de carbono, além de outras emissões poluentes. Do ponto de vista técnico, o problema das termoelétricas é que, como elas são movidas por combustíveis como gás ou óleo diesel, por razões de economia elas são desligadas ou tem sua potência reduzida nos horários de menor consumo. Se neste horário ocorrer uma pane em Itaipú (que responde ainda por 20% da energia consumida pelo país), não haverá energia suficiente no sistema para manter a rede elétrica, pois não há tempo habil para "dar a partida" nas usinas termoelétricas. O resultado é o desligamento em cascata e o apagão.
Na época, o governo se viu impossibilitado de construir novas usinas hidrelétricas, principalmente devido a dificuldades com o Ibama, que sistematicamente vetou novas obras por razões socioambientais. No entanto, outras formas de geração, como a eólica, simplesmente não foram cogitadas. O Brasil possui um dos maiores potenciais eólicos do mundo. Existe também a opção nuclear, mas esta ainda apresenta muita resistência de uma parte dos ambientalistas, embora seja atualmente apoiada por outra parte. Energia solar e das marés também não foram consideradas. A consequência desta decisão foi o apagão de ontem (10/11)
O sistema elétrico precisa ser modernizado, aumentando o índice de automação e descentralizando sistemas de controle. Outra medida a ser tomada e o aproveitamento da energia excedente gerada dos horários de baixa demanda. Uma solução para isso é a adoção de veículos elétricos carregados na tomada nestes horários. As companhias elétricas podem incentivar esta prática oferecendo tarifação diferenciada nestes horários para os usuários domésticos, assim como já faz com os grandes consumidores. Finalmente, deveria haver incentivos para a redução do consumo, tanto por boas práticas (como apagar as luzes que não estão em uso e reduzir o tempo de banho) como por novas tecnologias que reduzam o consumo dos equipamentos elétricos. TVs de cristal líquido deveriam receber incentivos para a substituição das TVs de tubo e as de plasma, que possuem consumo descabido. Sisitemas de aquecimento solar deveriam ser tão acessíveis como chuveiros elétricos. Geladeiras e equipamentos de ar condicionado deveriam usar tecnologias de estado sólido, mais eficientes do que os atuais compressores mecânicos. Iluminação por LED, mais eficiente do que as lâmpadas fluorescentes e mais duráveis, deveriam ser obrigatórias, enquanto as de filamento deveriam ser proibidas.
Itaipú é a maior hidrelétrica do mundo em capacidade de geração de energia. Mas isso não foi suficiente para evitar o apagão. Estamos colocando todos os ovos na mesma cesta. Você está disposto a correr este risco?
Para saber mais:
http://www.itaipu.gov.br/
Itaipu na Wikipedia
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