Solitário
Não ficaria alí por muito mais tempo. A hora da fuga estava próxima. Após dez anos preso naquele maldito asteróide, chegava a hora da liberdade. Agora, jantava tranquilamente. Amanhã pela manhã, a fuga. Embora sua nave não tivesse alcance muito grande, aproximadamente uns 600 mil quilômetros, ele contaria com algo capaz de ampliar este alcance diversas vezes. Pacientemente ele esperava a aproximação do grande e maciço planeta. O poderoso campo gravitacional de Júpiter lhe daria o impulso necessário para atingir, se não a Terra, pelo menos as colônias marcianas ou uma das diversas estações espaciais solares.
No entanto, caso não chegasse a este ponto com velocidade suficiente, ficaria preso em órbita do gigante gasoso, ou no pior caso, seria tragado pelo planeta, de onde não se conhecia retorno.
Seu asteróide não era absolutamente desconfortável. Ali tinha tudo do bom e do melhor. Conforto, espaço, baixa gravidade, boa alimentação, roupas caras e outros artigos que eventualmente uma ou outra nave de contrabandistas lhe traziam. Contudo, faltava-lhe a liberdade. Apesar de todos os confortos, aquele asteróide era um esconderijo, onde Wilson escondia-se das perseguições políticas que sofria na República dos Mundos Exteriores, que só tinha república no nome, pois constituia em uma das mais legítimas ditaduras. Quando a perseguição tornou-se insustentável, Wilson exilou-se neste asteróide. A princípio não queria abandonar sua pátria e eventualmente conseguia fornecer algum apoio à Resistência. Afinal, a órbita excêntrica de seu asteróide tornava difícil a sua localização, dificultando as buscas da Guarda Republicanal. Mas após dez anos o espaço fora quase totalmente esquadrinhado. Localizar Wilson seria apenas uma questão de tempo, e ele não poderia ficar esperando.
Edgar era um de seus fornecedores. Conhecido como Ed Mercado, fornecia todo tipo de traquitanas tecnológicas para Wilson, que fora engenheiro antes de ser fugitivo. Graças a Ed, construira sua confortável fortaleza. Wilson em troca fornecia serviços como reparo de equipamentos, principalmente aqueles "importados" de Marte, aos quais Ed dava a sua garantia pessoal, que muitos consideravam melhor e mais completa do que a garantia de fábrica.
Um dia, Ed não apareceu com seus suprimentos. A princípio, achou que fosse um mero atraso. Mas depois de 10 dias, Wilson começou a ficar preocupado. Teriam prendido Ed? Não estariam neste exato momento tentando obter dele a localização de seu asteróide? Wilson sabia que mesmo as pessoas mais fieis e determinadas poderiam contar todos os segredos caso fossem devidamente torturadas. Wilson não poderia mais perder tempo.
Foi quando surgiu a idéia de usar Júpiter. Wilson sabia que a aproximação máxima ocorreria dali a 3 dias. Ainda possua suprimentos suficientes para permanecer ali mais uns 2 anos, ou para viajar por 2 anos. Então tomou a decisão.
A hora se aproximava agora. Todos os suprimentos já se encontravam na pequena nave. Sabia que sua manobra era arriscada, mas o risco maior era continuar onde estava. Por isso, precisava fazer tudo certo. Precisava interceptar Júpiter no momento certo e com a maior aproximação possível, para que pudesse obter alta velocidade. Isso era importante, pois assim impossibilitaria qualquer tentativa de abordagem da Guarda Republicana. Isso significava que ao fim da viagem, teria que usar a tênue atmosfera de Marte para perder velocidade. Não poderia errar o alvo, ou se tornaria um cometa continuamente em órbita do Sol.
Havia várias semanas que Júpiter tomava a maior parte do céu. O espetáculo era maravilhoso, mas sabia que isso o colocava perigosamente perto do inimigo. Certo dia passou a apenas 500 mil quilômetros de Ganimedes, Podia ver com facilidade as grandes cúpulas da Cidade Ganimedes. Wilson teve o cuidado de apagar todas a luzes que pudessem ser vistas de fora e manter um silêncio de rádio absoluto. Contava que seu asteróide não chamasse mais atenção do que os milhares de outros asteróides que todos os dias se aproximavam de Júpiter.
Felizmente, na hora do lançamento Ganimedes encontrava-se do outro lado do planeta. Wilson sabia que teria somente uma chance. Seu lançamento precisava acontecer com uma precisão de segundos, ou erraria o alvo ao fim da jornada. Os motores iônicos foram acionados ao mesmo tempo que a lançadeira eletromagnética foi acionada, garantindo uma forte aceleração que imobilizou Wilson por vários minutos. Então os motores foram desligados levando a pequena nave a cair velozmente em direção ao planeta. Wilson teve que esperar quase 10 horas antes que estivesse a apenas a 1000 km da superfície gasosa. Neste momento, os motores foram novamente acionados. Quando finalmente foram desligados, a pequena nave de Wilson atingira mais de 500 mil km/h, velocidade que ainda aumentaria muito durante a sua viagem em direção ao Sol.
Quando a Guarda Republicana finalmente detectou a nave de Wilson, esta encontrava-se definitivamente fora de alcance. Mesmo que tentassem perseguí-lo, estaria confortavelmente dentro do território da República dos Planetas Terrestres muito tempo antes que pudesse ser alcançado.
Estava livre afinal. Mas mais do que nunca, encontrava-se solitário.
No entanto, caso não chegasse a este ponto com velocidade suficiente, ficaria preso em órbita do gigante gasoso, ou no pior caso, seria tragado pelo planeta, de onde não se conhecia retorno.
Seu asteróide não era absolutamente desconfortável. Ali tinha tudo do bom e do melhor. Conforto, espaço, baixa gravidade, boa alimentação, roupas caras e outros artigos que eventualmente uma ou outra nave de contrabandistas lhe traziam. Contudo, faltava-lhe a liberdade. Apesar de todos os confortos, aquele asteróide era um esconderijo, onde Wilson escondia-se das perseguições políticas que sofria na República dos Mundos Exteriores, que só tinha república no nome, pois constituia em uma das mais legítimas ditaduras. Quando a perseguição tornou-se insustentável, Wilson exilou-se neste asteróide. A princípio não queria abandonar sua pátria e eventualmente conseguia fornecer algum apoio à Resistência. Afinal, a órbita excêntrica de seu asteróide tornava difícil a sua localização, dificultando as buscas da Guarda Republicanal. Mas após dez anos o espaço fora quase totalmente esquadrinhado. Localizar Wilson seria apenas uma questão de tempo, e ele não poderia ficar esperando.
Edgar era um de seus fornecedores. Conhecido como Ed Mercado, fornecia todo tipo de traquitanas tecnológicas para Wilson, que fora engenheiro antes de ser fugitivo. Graças a Ed, construira sua confortável fortaleza. Wilson em troca fornecia serviços como reparo de equipamentos, principalmente aqueles "importados" de Marte, aos quais Ed dava a sua garantia pessoal, que muitos consideravam melhor e mais completa do que a garantia de fábrica.
Um dia, Ed não apareceu com seus suprimentos. A princípio, achou que fosse um mero atraso. Mas depois de 10 dias, Wilson começou a ficar preocupado. Teriam prendido Ed? Não estariam neste exato momento tentando obter dele a localização de seu asteróide? Wilson sabia que mesmo as pessoas mais fieis e determinadas poderiam contar todos os segredos caso fossem devidamente torturadas. Wilson não poderia mais perder tempo.
Foi quando surgiu a idéia de usar Júpiter. Wilson sabia que a aproximação máxima ocorreria dali a 3 dias. Ainda possua suprimentos suficientes para permanecer ali mais uns 2 anos, ou para viajar por 2 anos. Então tomou a decisão.
A hora se aproximava agora. Todos os suprimentos já se encontravam na pequena nave. Sabia que sua manobra era arriscada, mas o risco maior era continuar onde estava. Por isso, precisava fazer tudo certo. Precisava interceptar Júpiter no momento certo e com a maior aproximação possível, para que pudesse obter alta velocidade. Isso era importante, pois assim impossibilitaria qualquer tentativa de abordagem da Guarda Republicana. Isso significava que ao fim da viagem, teria que usar a tênue atmosfera de Marte para perder velocidade. Não poderia errar o alvo, ou se tornaria um cometa continuamente em órbita do Sol.
Havia várias semanas que Júpiter tomava a maior parte do céu. O espetáculo era maravilhoso, mas sabia que isso o colocava perigosamente perto do inimigo. Certo dia passou a apenas 500 mil quilômetros de Ganimedes, Podia ver com facilidade as grandes cúpulas da Cidade Ganimedes. Wilson teve o cuidado de apagar todas a luzes que pudessem ser vistas de fora e manter um silêncio de rádio absoluto. Contava que seu asteróide não chamasse mais atenção do que os milhares de outros asteróides que todos os dias se aproximavam de Júpiter.
Felizmente, na hora do lançamento Ganimedes encontrava-se do outro lado do planeta. Wilson sabia que teria somente uma chance. Seu lançamento precisava acontecer com uma precisão de segundos, ou erraria o alvo ao fim da jornada. Os motores iônicos foram acionados ao mesmo tempo que a lançadeira eletromagnética foi acionada, garantindo uma forte aceleração que imobilizou Wilson por vários minutos. Então os motores foram desligados levando a pequena nave a cair velozmente em direção ao planeta. Wilson teve que esperar quase 10 horas antes que estivesse a apenas a 1000 km da superfície gasosa. Neste momento, os motores foram novamente acionados. Quando finalmente foram desligados, a pequena nave de Wilson atingira mais de 500 mil km/h, velocidade que ainda aumentaria muito durante a sua viagem em direção ao Sol.
Quando a Guarda Republicana finalmente detectou a nave de Wilson, esta encontrava-se definitivamente fora de alcance. Mesmo que tentassem perseguí-lo, estaria confortavelmente dentro do território da República dos Planetas Terrestres muito tempo antes que pudesse ser alcançado.
Estava livre afinal. Mas mais do que nunca, encontrava-se solitário.
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